Pelo direito de criticar
- Maria Eduarda Mesquita
- 31 de out. de 2022
- 2 min de leitura
"Liberdade. Que bom te ver de novo. E amanhã eu já viro oposição. Mas agora sabemos que haverá oposição"- Nathalia Arcuri
Hoje se escreveu um novo capítulo na história do nosso país. E hoje, eu vou comemorar, até que possa voltar a criticar. "Mas você vai criticar o presidente que ajudou a eleger? ", Sim, e por isso o elegi. O elegi para ter o direito de criticar, para ter o direito de ser oposição sem armas e sem violência. O elegi para manter o jogo democrático limpo, aquele que permite adversários debaterem sem serem inimigos, que permite que familiares votarem diferente sem tornar isso uma questão de caráter.
Quem estudou a ditadura, quem leu "Como as democracias morrem", sabe porque me preocupei. Quem entende que a maior prioridade de uma democracia é preservar a própria democracia entende porque Amoedo apoiou Lula, bem como tantos outros liberais e pessoas de direita. Porque não é sobre direita e esquerda. Não é sobre aliados ou oposição. É sobre democracia. Sem ela, não existe direita e esquerda. Sem ela, não existe oposição (ou melhor, existe, mas abafada, censurada e presa).
E por isso eu votei contra um candidato que flerta com um regime antidemocrático. Eu votei contra um candidato que comemora "a Revolução Civil de 64", também conhecido como o Golpe Militar que instalou a Ditadura. Eu votei contra um candidato que homenageia coronel torturador. Eu votei contra um candidato que fala em "metralhar petralha". Eu votei contra um candidato que incentiva as armas e violência como solução.
E agora, com alívio, vencemos. Vencemos e recebemos o direito de ser oposição sem ser inimigo, de criticar sem armas. Vencemos e agora iremos continuar criticando porque é assim que se progride, se melhora e se constrói um país. Vencemos e vamos continuar discutindo, debatendo e discordando, sem armas, sem tiros, sem granadas. Vencemos e vamos continuar diferentes, mas respeitando a liberdade do outro em ser diferente, entendendo que a diferença do outro não é uma ameaça a você, e nem à sua existência. Vencemos, e vamos continuar a vencer enquanto a democracia continuar de pé e tivermos mais livros e menos armas.
Vencemos, e amanhã eu volto a criticar, lembrando que isso é apenas o prefácio da história que começa hoje. Mas hoje, vou comemorar.

Foto gentilmente cedida por Rafaela Correa



Que jeito romântico de justificar a escolha pela corrupção sistêmica no Brasil. Direito de criticar é se aproveitar de uma catástrofe mundial para chamar de genocida quem não é. É poder tirar de contexto uma fala para criar uma narrativa falsa de pedofilia. A perda desse direito se dá quando se é obrigado a chamar de inocente quem não é.