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Sobre ser professora, e além disso, médica

  • Foto do escritor: Maria Eduarda Mesquita
    Maria Eduarda Mesquita
  • 15 de out.
  • 3 min de leitura
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Meu querido leitor desconhecido, esse é meu primeiro dia dos professores em que de fato, sou docente. Já vinha envolvida nesse processo de aprender e ensinar há muito tempo, na monitoria e também na Ifmsa Brazil e todas as oportunidades que tive dentro dela para me desenvolver dentro da educação médica. Mas nesse semestre, me tornei professora da Estácio Canindé, e agora vivo os prazeres e as dores de ensinar.


Acho que o primeiro impacto ao entrar na docência é sentir na pele algo que nenhum relato ou teoria traduz corretamente: a gigantesca montanha de trabalho extra sala de aula envolvida no processo de ensino. Desenhar cronograma, estudar, preparar aulas, planejar as avaliações, corrigir provas, lanças frequências e notas no sistema... E mesmo com todo esforço pra um bom planejamento e preparação, descobri que nunca conseguimos executar as coisas do jeito que pensamentos, seja pra se ajustar ao feedback e ritmo dos alunos ou pelos imprevistos que acontecem no caminho. Talvez uma das lições mais difíceis desse início pra mim foi aprender a ser mais flexível e me adaptar a essa reorganização constante.


Ao somar essa montanha de trabalho com uma remuneração menor do que o encontrado trabalhando na assistência direta ao paciente, em alguns momentos, me perguntei se isso realmente valia a pena. E talvez, se falarmos de maneira estritamente lógica e financeira, a resposta seria que não vale. Mas acredito que você, meu querido leitor desconhecido, já percebeu que eu não sou uma pessoa estritamente racional, mas sim uma artista movida pelo coração e espirito. Então, apesar de todos os pesares, eu acredito que poucas coisas na vida podem valer tanto quanto isso.


Ser professora vale a pena porque poucas coisas me deixam mais realizada do que saber que ajudei - pelo menos um pouquinho - no aprendizado de alguém, ajudando a adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades e espero eu, sendo um bom exemplo de profissionalismo. Vale a pena porque ser educadora é um dos melhores jeitos de gerar transformação: maior do que o impacto que eu gero cuidado da saúde de alguém é o impacto que dezenas de alunos geram.


Ser professora vale a pena pelos alunos, os responsáveis pelos maiores desafios, maiores dores de cabeça mas também pelos momentos mais marcantes, que aquecem nosso coração. Quando sou surpreendida bolo no meu aniversário, quando ganho um chaveiro de São Francisco na época da romaria, quando fazem trança no meu cabelo e pulseira de miçanga pra mim. E o mais importante ainda: quando escuto que lembraram de algo que ensinei para ajudar alguém e ouço sobre o impacto positivo de ter uma professora autista/PCD.


Eu escolhi um caminho diferente da maioria ao voltar toda minha carreira e estudo (especialização e agora mestrado) para educação, e em muitos momentos, tive medo. Nesse primeiro dia dos professores, ao olhar pra tudo isso, a minha conclusão é que continuo tendo medo e continuo tendo certeza que eu sou professora, amo estar junto aos alunos e sim, vale a pena.


E caso você, querido leitor desconhecido, seja um dos "meus meninos" ou "minhas crianças", um dos alunos que passaram por mim, espero que essas palavras tenham se refletido nas minhas atitudes, ou elas serão em vão. Ser professora não é algo que se realiza em si mesmo: são vocês que me fazem professora a cada contato nosso, e continuamente me tornam uma educadora melhor.


 
 
 

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