Pensamentos ao som de bachianas brasileiras
- Maria Eduarda Mesquita
- 6 de nov. de 2022
- 2 min de leitura

Apresentação da Orquestra Sinfônica da UECE no Teatro São Luiz em 06/11/22
Tudo começa com o silêncio. O silêncio que antecede a primeira nota, o silêncio de preparação, de espera. A música pode ser definida como uma sequência de sons e silêncios organizados. Uma definição pobre, simplista, que não chega aos pés da realidade, mas ainda assim, verdadeira. Tente fazer soar todos os instrumentos ininterruptamente e você terá um caos irritante. A música se faz nas pausas, nos silêncios, as vezes breves como um sopro, entre um instrumento e outro.
A música é uma manifestação do divino, do espiritual, seja lá o que você chama de divino. O divino pode ser um Deus com D maiúsculo ou as profundezas da alma humana, ou o espírito coletivo do homem ou a sensação de energias sublimes. Mas independente da sua crença, eu sei que você me entende: a música transcende a nós mesmos.
A música é um tipo de mágica. Não é mágica ruídos se tornarem beleza, silêncios e sons de tornarem enlevo? Não estaria fazendo mágica o maestro, que agitando sua batuta, cria sentimentos e sensações no ar? Não seria a batuta do maestro a prova de que contos de fadas são reais, e que as varinhas de condão criam magia ao circular? Não é mágica quando sons abstratos despertam a alma e contam uma história sem palavras?
A música conecta o ser humano com o mágico e o divino. Conecta o ser humano com sua essência perdida em algum lugar longínquo na infância. A música, em sua abstração, se torna espelho onde podemos enxergar a nós mesmos, e além. A música me faz descobrir coisas que eu não sabia que existia e que nunca saberei nomear.
E justamente por não ser versada o suficiente em palavras, inábil escritora, ou pela própria substância da música que a impede de se transpor com exatidão em palavras, a vocês, meus queridos leitores desconhecidos, restará essa crônica desconexa, entremeada de notas musicais, que pode fazer sentido, ou não. E não importa. Há coisas que não se explica, apenas se sente. Porém, aqui estou, presa na teimosia dos escritores: tentar eternamente transformar em palavras o impronunciável,
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